segunda-feira, 13 de junho de 2011

O que é Autismo e Síndrome de Asperger?

Autismo: 

É um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há quase seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem divergências e grandes questões ainda indecifráveis. Esta síndrome foi descrita pela primeira vez em 1943 pelo Dr. Leo Kanner (médico austríaco, residente em Baltimore, nos EUA) em seu histórico artigo escrito originalmente em inglês: “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”. Em 1944, Hans Asperger, um médico também austríaco e formado pela Universidade de Viena, escreve outro artigo com o título “Psicopatologia Autística da Infância”, descrevendo crianças bastante semelhantes às descritas por Kanner. 
O conjunto dos sintomas que caracterizam o autismo é definido por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade. As áreas que se encontram com um acentuado comprometimento, são caracterizadas por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. 
O diagnóstico de autismo é feito basicamente através da avaliação do quadro clínico. Não existem testes laboratoriais para a detecção da síndrome, por isso, o diagnóstico deve ser feito por um profissional com formação em medicina e experiência clinica de vários anos diagnosticando essa síndrome. Normalmente, o médico solicita exames para investigar possíveis doenças que tem causas identificáveis e podem apresentar um quadro de autismo infantil, como a síndrome do X-frágil, fenilcetonúria ou esclerose tuberosa.
Desta forma, devido o autismo não possuir um marcador biológico, isto é, não possuir testes laboratoriais específicos, raramente o diagnóstico é conclusivo antes dos vinte e quatro meses, sendo que a idade mais frequente é superior aos trinta meses. Apesar do diagnóstico ser relativamente difícil, este deve ser feito rapidamente, para que assim uma intervenção educacional especializada seja iniciada o mais rápido possível. É importante ressaltar que existem graus diferenciados de autismo, e que há intervenções adequadas a cada tipo ou grau de comprometimento.  
Existem vários sistemas de diagnósticos para a classificação do autismo. Os mais comuns são: a Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde, ou o CID-10, e o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Academia Americana de Psiquiatria, ou DSM-IV. No Reino Unido, também ´e bastante utilizado o CHAT (Checklist de Autismo em Bebês, desenvolvido por Baron-Cohen, Allen e Gilberg), que ´e uma escala de investigação de autismo aos 18 meses de idade. 
DSM-IV lista quatro critérios da área de interação social que são qualitativamente prejudicadas ou até mesmo ausentes em crianças com autismo. O primeiro critério está relacionado na questão do uso de comportamentos não verbais, como expressões faciais, postura corporal e gestos comuns na interação social.
O segundo critério está relacionado na questão de relacionamentos. Crianças com autismo não possuem interesses em ter amigos, ou não sabem como estabelecer relacionamentos amigáveis. O terceiro critério é a falta de espontaneidade em dividir momentos agradáveis, interesses ou conquistas com outras pessoas.
A falta de reciprocidade social ou emocional é responsável pelo quarto critério. Por exemplo, uma pessoa com autismo pode monopolizar uma conversa sem perceber que a outra pessoa está chateada ou com pressa para terminar a conversa.Uma vez diagnosticado o autismo em crianças, estas devem ser submetidas a uma intervenção educacional rapidamente. 
Pontos de destaque: Linguagem, geralmente possuem dificuldade em desenvolver uma comunicação formal e comunicativa. É comum apresentarem a característica linguística denominada como pronome reverso, quando trocam o “eu” por “você”, e também a ecolalia, que consiste na repetição de uma palavra ou frase previamente dita. Cognição: geralmente possuem boa memória, mas dificuldade em contextualização das situações, compreender significados das palavras e nos seus aspectos pragmáticos como seu uso social.  

Fonte: Alisson V. Fernandes, João V. A. Neves e Rafael A. Scaraficci: Autismo. Instituto de Computação. Universidade Estadual de Campinas.


Síndrome de Asperger:

A Síndrome de Asperger foi descrita no ano de 1944 por um médico pediatra de Viena chamado Hans Asperger. No início de seus estudos ele nomeou a “doença” como uma psicopatia autística.
A síndrome de Asperger caracteriza-se por prejuízos na interação social, bem como por interesses e comportamentos limitados, mas seu curso de desenvolvimento precoce está marcado por uma falta de qualquer retardo clinicamente significativo na linguagem falada ou na percepção da linguagem, no desenvolvimento cognitivo, nas habilidades de autocuidado e na curiosidade sobre o ambiente. (KLIN, 2006).
A síndrome de Asperger, também incluída nos critérios dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), de acordo com a OMS (1994) é incerta quanto à sua legitimidade nosológica. Apresenta uma alteração qualitativa nas interações sociais recíprocas e um repertório de interesses e atividades restritos, apresentando fala e comportamentos estereotipados e repetitivos. Sua diferença com relação ao autismo está no fato de não haver deficiência de linguagem ou retardo do desenvolvimento cognitivo do sujeito. 
Em geral, pessoas com a síndrome de Asperger apresentam-se desajeitadas, com comportamento estereotipado observado frequentemente na fase da adolescência ou na idade adulta, podendo ou não ser acompanhado por episódios psicóticos no início da idade adulta.
 Segundo Gilberg (1989) apud Steiner (2000:34): não há diferenças nos fatores neurobiológicos implicados na etiologia da síndrome de Asperger e do autismo, sendo que a primeira poderia ser uma variante “menos grave” da segunda e que, independente dos critérios diagnósticos empregados, a utilização do termo “síndrome de Asperger” parece ser mais adequada para alguns pacientes, enquanto “autismo infantil” parece mais apropriado para outros e o uso de um ou de outro “rótulo” não significa que a síndrome de Asperger exista como entidade distinta do autismo, ou que o seu diagnóstico invalide o de autismo.    


Fonte: Silvia Ester Orru. Síndrome de Asperger. Aspectos científicos e educacionais. Revista Íbero-americana de Educação.

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